Loading Articles!

As 'cidades de mísseis' do Irã: por que Teerã está revelando agora bases subterrâneas 'secretas' de lançamento?

2025-04-03T11:22:29Z


As 'cidades de mísseis' do Irã: por que Teerã está revelando agora bases subterrâneas 'secretas' de lançamento? Crédito, Tasnim Legenda da foto, Mísseis balísticos Kheibar Shekan armazenados em uma das 'cidades de mísseis' secretas Author, Farzad Seifikaran Role, BBC Persian 3 abril 2025 "Se começarmos hoje, revelando uma cidade de mísseis toda semana, em dois anos ainda não teríamos terminado. São tantas..." Com estas palavras, o Irã revelou recentemente uma nova série de bunkers subterrâneos secretos que abrigam mísseis — que poderiam ser usados para retaliar o que eles consideram como agressão de países como Israel e Estados Unidos. Os EUA teriam enviado na semana passada até seis aviões de guerra adicionais, equipados com tecnologia furtiva (para escapar do radar) e com a capacidade de transportar as bombas mais pesadas do país, para uma base militar ao alcance do Irã e do Iêmen, informaram autoridades americanas à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato. O Irã respondeu, dizendo que a forte presença militar dos EUA na região significa que eles estão "sentados em uma sala de vidro" — e não devem "atirar pedras nos outros". O Irã também ameaçou bombardear a base, localizada na ilha de Diego Garcia, um território britânico no Oceano Índico que está em processo de devolução às Ilhas Maurício. Isso não é algo que o Irã tenha dito anteriormente que poderia fazer. Mas, afinal, o que são exatamente as chamadas "cidades de mísseis"? Por que o Irã está decidindo revelar novas capacidades militares agora? E o que isso significa para um possível conflito no Oriente Médio? O que são as 'cidades de mísseis' do Irã? Crédito, IMA Media Legenda da foto, Este seria um local de preparação de mísseis em uma das 'cidades de mísseis' subterrâneas do IRGC "Cidade de mísseis" é um termo usado pela força militar do Irã — o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) — para descrever grandes bases subterrâneas de mísseis. Estas bases são uma série de grandes túneis profundos e interligados em todo o país, geralmente localizados em áreas montanhosas e estratégicas. Pule Novo podcast investigativo: A Raposa e continue lendo Novo podcast investigativo: A Raposa Uma tonelada de cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês Episódios Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa Elas são usadas para armazenar, preparar e lançar mísseis balísticos e de cruzeiro e outras armas estratégicas, como drones e sistemas de defesa aérea. De acordo com comandantes do IRGC, estas "cidades de mísseis" não são apenas locais de armazenamento de mísseis — algumas delas também são fábricas "para a produção e preparação de mísseis antes de se tornarem operacionais". A localização exata destas bases de mísseis é desconhecida — e nunca foi revelada oficialmente. O general de brigada Amir Ali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã, revelou a mais recente "cidade de mísseis" em um vídeo que mostra mísseis balísticos e drones suicidas nas profundezas do subsolo, em entrevista à IRIB, emissora estatal. A BBC não tem condições de verificar de forma independente o que o vídeo alega mostrar. Em uma pista sobre por que agora, a mídia estatal disse que Teerã usaria esse arsenal para retaliar qualquer "ação hostil contra a nação iraniana". "Não haverá distinção em atingir as forças britânicas ou americanas se o Irã for atacado de qualquer base na região ou dentro do alcance dos mísseis iranianos", diz o Irã. Nos últimos 10 anos, o IRGC divulgou em algumas ocasiões imagens de túneis subterrâneos que armazenam um grande número de mísseis, drones e sistemas de defesa, referindo-se a eles como "cidades de mísseis secretas". Quão significativo isso é para os EUA e Israel? Ao mostrar o que é capaz de fazer, o Irã está tentando dissuadir Israel e os EUA de novos ataques. As imagens mais recentes mostram os mísseis de cruzeiro Kheibar Shekan, Haj Qasem, Emad, Sejjil, Qadar-H e Paveh. O Irã se vangloria de poder atingir países a até 2.000 quilômetros de distância. Os mísseis balísticos Emad estavam entre os usados no ataque do Irã a Israel em abril de 2024, causando danos à base aérea de Navatim, na região central do país. A distância mais curta entre o Irã e Israel é de cerca de 1.000 km, atravessando o Iraque, a Síria e a Jordânia. Israel afirmou que 99% dos projéteis foram interceptados em abril de 2024. Um segundo ataque em outubro não conseguiu infligir nenhum dano substancial. Há, no entanto, dúvidas sobre o alcance e a letalidade dos mísseis iranianos, o que faz com que as últimas declarações de que são capazes de atingir a base militar dos EUA em Diego Garcia representem um avanço significativo. Uma base militar conjunta do Reino Unido e dos EUA está em operação no local desde o início da década de 1970. Mas a base da ilha é bem protegida, e fica a pouco menos de 3.800 quilômetros de distância do ponto mais próximo no Irã. Nesta semana, o Irã repetiu a afirmação de que seus drones Shahed 136B podem alcançar até 4.000 quilômetros, embora isso não tenha sido comprovado. Embora pareça que o Irã não possua atualmente um míssil com alcance superior a 2.000 quilômetros, existem, em teoria, outras maneiras de chegar à ilha, como o uso de recursos navais ou a modificação de sistemas de foguetes existentes. Já existe um poder de fogo considerável dos EUA no Oriente Médio, e em breve eles vão contar com dois porta-aviões na região. As imagens de satélite abaixo parecem mostrar bombardeiros B-2 furtivos em Diego Garcia; eles foram usados na recente campanha de bombardeio que os EUA realizaram contra os combatentes houthi no Iêmen. "Caso o Irã ou seus proxies ameacem o contingente e os interesses americanos na região, os EUA vão tomar medidas decisivas para defender nosso povo", afirmou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, em um comunicado nesta semana. O Comando Estratégico das Forças Armadas dos EUA se recusou a dizer quantos B-2s chegaram a Diego Garcia, e observou que não comenta sobre exercícios ou operações militares que os envolvam. Há apenas 20 bombardeiros B-2 no inventário da Força Aérea americana — por isso, eles geralmente são usados com moderação. Por que o Irã contou ao mundo agora sobre as 'cidades de mísseis'? O vídeo recente veio à tona em um momento de maior tensão entre o Irã, os EUA e Israel em relação a três questões: a ameaça do movimento houthi, apoiado pelo Irã; as negociações sobre o programa nuclear do Irã; e novos ataques de Israel para tentar enfraquecer o grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano. O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou o Irã no domingo (30/3) com bombardeios e tarifas secundárias se Teerã não chegasse a um acordo com Washington sobre seu programa nuclear. Isso também acontece na sequência do confronto militar do ano passado entre Irã e Israel — a revelação desta nova base de mísseis do IRGC parece ter a intenção de reforçar a mensagem de que o Irã pode retaliar com força. O Irã continuou a prometer que vai realizar uma terceira operação para atacar Israel. No entanto, tem sofrido pressão pública constante para não fazer isso, com muitos questionando sua capacidade de ir até o fim, especialmente devido às preocupações de que o ataque de Israel tenha enfraquecido as capacidades de mísseis do Irã. Internamente, o governo quer garantir aos cidadãos que continua forte, e que será capaz de resistir a qualquer ameaça dos EUA. O objetivo da construção de "cidades de mísseis" subterrâneas é aumentar a capacidade de sobrevivência e resistência a ataques aéreos — e manter a dissuasão. Ao desenvolver estas "cidades de mísseis", o Irã foi capaz de demonstrar aos EUA e a Israel que poderia revidar mesmo se suas bases acima do solo fossem atacadas.

Profile Image Erik Nilsson

Source of the news:   BBC News

BANNER

    This is a advertising space.

BANNER

This is a advertising space.